Resenha: Corações de Neve, Dragões de Éter #2, por Raphael Draccon ♥


"E foi a primeira vez que Axel percebeu que seu melhor amigo era um ser que nem humano era. E que, se duas raças completamente diferentes podiam se compreender, respeitar suas culturas e até mesmo mesclá-las de forma que uma acrescentasse à outra, e não a sobrepujasse, então haveria ainda muito pelo que lutar naquele mundo." (p. 327-328)

Assim como o primeiro livro de Dragões de Éter, Corações de Neve é mágico. Eu digo mágico porque ele, de fato, possui uma magia própria, uma magia que te leva para dentro do livro. Você se sente perto das personagens e não somente dos principais. O mais engraçado é que, de algum modo, todos os personagens possuem suas histórias, sua própria maneira de cativar o leitor. Até mesmo os vilões porque, de certo modo, os vilões dessa história variam de acordo com a pessoa que está lendo. O mal varia de acordo com quem está lendo. Num momento, Anísio Branford pode parecer amargurado e potencialmente malvado, enquanto seu irmão, Axel, poder ser a vítima. Em outro momento, a situação se inverte. O mesmo vale para Snail e Liriel. Locksley. Os Hanson e os Narrin.

Tudo depende do ponto de vista.

Corações de Neve tem, não como principal, mas como, talvez, central, a história de Branca Coração-de-Neve e seu pai, Alonso, conhecido pela a alcunha de o Rei das Lágrimas de Inverno. Não é surpresa nenhuma o que acontece com Branca Coração-de-Neve e também não é surpresa o modo como as coisas se desenrolam e até mesmo a aparição dos Senhores Anões, das Sete Montanhas (porque o número é perfeito).

E mesmo não sendo surpresa, eu me surpreendi.

Não é a estória em si. A estória em si, a essência dela, já é conhecida por todo o mundo. Branca de Neve, com pele branca como a neve e lábios vermelhos como o sangue. Ou maçãs. Há controvérsias nessa parte. De qualquer modo, o modo como ela se desenvolve é sim uma surpresa. Porque eu estava esperando a história da Branca de Neve lá no primeiro livro. E de repente, quando eu menos esperava, ela aconteceu - exatamente como todas as estórias contidas nesse livro. Imaginem só, Cinderela! Nem mesmo cogitei Cinderela enquanto eu lia. E então ela estava lá, numa personagem tão óbvia que eu pensei na mesma hora que devia ter suspeitado desde o começo. O autor nos faz dançar conforme a música que ele toca. Nós sabemos o que vai acontecer em alguns momentos e sabemos como o final será, mas sempre - sempre e sempre - acabamos nos surpreendendo com o modo como Draccon, o melhor bardo de todos os tempos, contou.

Raphael Draccon escreveu um pós-felizes para sempre que cativa qualquer um - não importa a idade. Dragões de Éter são livros para serem lidos para seus pais, para filhos, para os filhos dos filhos deles e por aí vai. Porque todo mundo, em algum momento, já se perguntou o que aconteceu com Robin Hood, com Branca de Neve e o Príncipe Encantado depois do "FIM" no final do livro. Todo mundo já quis saber se o felizes para sempre é, de fato, tão feliz assim. Porque (vamos lá, não é nenhuma vergonha admitir isso!) todo mundo já foi criança um dia.

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